domingo, 31 de agosto de 2014

Esqueça.


Você pode até esquecer de fechar a janela, desligar a luz, tirar a roupa do varal e avisar que vai dormir fora de casa.

Você pode até esquecer o guarda-chuva, o casaco, as chaves, um compromisso importante, de pagar a conta, a data da prova.

Você pode até esquecer o aniversário do namorado, do amigo, do chefe, pode até esquecer de levar o presente. De colocar gasolina, de retornar a ligação, de dar o recado.

Mas uma hora você vai lembrar, vai sentir falta e vai procurar.

Você pode fugir, viajar, mudar de cidade.

Pode até esquecer durante um dia, uma semana, um mês, um ano, mas uma hora você vai lembrar. Pode até esquecer durante uma conversa boa, uma aula de matemática, uma festa cheia de gente interessante, um garoto e outro, um gole de bebida e outro.

Se tiver sorte, você pode esquecer pelo verão inteiro, pelo carnaval inteiro, pelo feriado todinho.

Mas quando o assunto e a música acabar, quando a garrafa secar, você vai lembrar.

Afinal, sempre haverá aquela música, aquela data, aquela praia, aquelas férias juntos. Esquecer nesses casos é inútil.

Então, esqueça de esquecer.

Com Franciele Rech

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Para tudo!


Para tudo. Para o mundo. Para essa brincadeira. 

Agora o papo é sério, qual é? Isso é um tipo de pegadinha? Onde estão as câmeras e o Luciano Huck falando que estou em um dos seus quadros? Ou isso é algum tipo de conspiração? O que está acontecendo por aqui? Fim dos tempos?

Começo do amor eterno e felizes pra sempre? É um surto de namoros instantâneos e uma avalanche de te amo na minha linha do tempo. Pra quê? Pra quem? 

É algum recado do além me mostrando que existe amor e que estou aqui desdenhando do coitado? 

É alguma forma de me fazer entender que eu vou ficar pra titia (melhor, que já estou pra titia)? 

Socorro, devo ter sido abduzida. Que planeta é esse?!

Então, aviso aos desavisados, aos pilheros de plantão, e familiares insistentes e inconvenientes (viu, tia?), se for qualquer uma dessas alternativas já adianto que não vou cair nessa... Não mesmo, desistam, não vai rolar!

Mesmo feliz com a minha solteirice, com o meu “solteira sim, sozinha nunca”, percebi que todos – sem exceções – os caras com quem me envolvi nos últimos tempos e me apaixonei por 5 minutos começaram a namorar logo depois que foram iludidos pela minha pessoa (tão boa e sincera, desculpe!). 

Não tenho mania de perseguição, mas fiz minhas contas aqui, e elas não fecham... Está tudo errado mesmo!

Não vim aqui pra reclamar contigo, mundo fofo, que escreve meus dias de forma tão criativa! Longe de mim querer brigar com o senhor!

Por favor, nem pense que estou triste por isso. Sei que - talvez - se eu tivesse dito um sim, apenas um, nas 32 vezes que disse não, a premiada (com a fruta podre, nesse caso) seria eu. Eu estaria ali ó, em um relacionamento sério no facebook. Aff... Que tédio! 

Mas concorde comigo, como assim essas pessoas conseguem formatar o coração em duas semanas? Virar a página? Trocar o livro? Como assim conseguem não gostar mais em duas semanas? Como assim te amo? Como assim? Eu heim?

Só sei que me senti lesada, não gostei, nem concordo com o senhor!

Mas tudo bem, mundo querido, eu já entendi o que quer dizer, li essas entrelinhas – entre linhas e nelas cabem tantas coisas – e elas estão escritas com tinta neon que estou encalhada. 

Mas tudo bem, em tempos de seca geral, até uma sereia pode encalhar.

com Francieli Rech

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Sobre aquele cara que ela nem conhece...

Ele sorriu pra mim! Ele sorriu pra mim! Ele sorriu pra mim!

Como uma criança apaixonada pela primeira vez, ela repetiu isso inúmeras vezes para si mesma. 

Olhou para o espelho e não se reconheceu. Os mesmos olhos que nos últimos tempos eram escuros e apagados, agora brilhavam. O sorriso discreto estava na orelha. 

Olhou para o espelho e não acreditou. Droga! Ela estava apaixonada. 

Apaixonada por aquele cara, aquele cara que nem ela e nem ninguém sabia o nome, aquele cara que era novo na cidade (OMG! Eles já tinham algo em comum), melhor, no país, aquele cara com o sotaque enrolado e o sorriso torto perfeito, aquele cara que lhe pediu um peso e que só via na academia. Aquele cara que ela nem sabia se era casado, hétero e se gostava de cachorros.

Aquele cara que não falou com ela mais do que meia dúzia de palavras. Meu Deus, justo aquele cara?

Ela imaginou diálogos, e repetiu eles inúmeras vezes, treinou até o seu espanhol. Sonhou com o dia que o encontraria longe dali, o dia que poderia perguntar seu nome, telefone, estado civil, CPF, RG e se estaria livre na segunda à noite.

Ele era diferente dos outros caras. Não era um gogoboy, mister alguma coisa, não parecia com o Cristiano Ronaldo e nem tinha cara de nerd. Ele não tinha músculos enormes e nem cuidava da alimentação como se não existisse sorvete no mundo.

Ele não tinha o sorriso milimetricamente perfeito, nem os olhos verdes, definitivamente, ele não era um monumento, mas aquele cara tirava o ar, o sono e tudo o que quisesse dela. 

Pela primeira vez, ou não, ela não sabia o que fazer.

Ela não sabia nada dele, nem se ele sabia da existência dela. Mas pouco importava, ela só sabia que contava as horas para esbarrar com ele, ela só queria sentir o que estava sentindo, mais um pouco, até daqui a pouco ou nunca mais.

Com Francieli Rech

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Ela estava com saudade

Ela tem a mania de confundir tédio com amor, preguiça com amor, fome com amor, sono com amor, esperança com amor, sofrimento com amor. Ela confunde tantas coisas.

Que fique bem claro, ela nunca teve nada contra o amor, mas talvez ele que não vá com a cara dela.
 
Ela acredita em amor a primeira vista, acredita em paixões platônicas, no dedo podre e até no cupido, que convenhamos é um FDP.
 
Com o tempo, ela cansou de conhecer e esquecer pessoas, de falar coisas da boca pra fora, de dar chances a quem não merecia, de tentar gostar de quem parecia ser ideal, e principalmente de evitar chegadas, para prevenir partidas.

Então ela decidiu ser roteirista da própria vida, resolveu beber até te esquecer e distribuir os pedacinhos do coração que você quebrou.

Ela queria falar do quanto odiava quando você a procurava e depois sumia, de quando estava quase te esquecendo e você a procurava, de novo e de novo. Ela queria lhe dar um murro.

Metade dela sabia que não poderia e a outra metade era insistente, babaca e masoquista.

Vocês já se enrolaram tanto, que ela nunca sabia se estavam indo ou voltando, terminando ou recomeçando.

Ela sabia que o tempo curaria tudo, só não curaria o tempo que perdeu esperando o tempo passar, esperando o dia em que esqueceria você.

Ela pensava em pedir desculpas pelos barracos e avisar que esse sentimento que você estava pisando era dela. Ela queria dizer que foi sem querer, que, praticamente, tudo o que ela fez foi sem querer, inclusive, gostar de você.

Ela sabia que não daria para voltar atrás, para que as coisas voltassem a ser do jeito que eram, ou que ela achava que eram. Ela estava com saudade, você com outro alguém.




com Francieli Rech

domingo, 3 de agosto de 2014

Um dia ela vai encontrar alguém.


Um dia ela vai encontrar alguém, alguém lembre todos os dias que o amor existe, que lhe cause palpitações e nervosismo, alguém que lhe prove que histórias, aquelas de livros e filmes, podem ser reais. Alguém que a lembre todos os dias o quanto ela é única e especial, o quanto o sorriso dela ilumina, o quanto a gargalhada dela quebra o silêncio, o quanto bem ela faz. 

Um dia qualquer ela vai encontrar alguém que a mostre que a vida é feita para ser vivida, que ela pode ser mais bonita e mais tranquila se quiser. Alguém que é tão idêntico de tão oposto, tão perfeito de tão imperfeito. Alguém que não desista dela por mais estranha que ela seja, por mais difícil e atrapalhada que ela seja, por mais independente e maluca que ela seja, por mais que ela se esforce para afastá-lo.

Alguém que não tenha medo de andar de mãos dadas, de caminhar lado a lado, de acordar e dormir com ela. Alguém que não seja o sapo nem o príncipe, mas que seja o homem da vida dela. 

Ela vai encontrar alguém, vai ser naquele dia que sair de casa com a primeira roupa que vê pela frente, descabelada e de pantufas. Ela vai encontrar alguém, no dia que não estiver procurando e vai perceber que não precisa mais procurar.

Por Francieli Rech