quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Vai ser amar, vai!



Acabou, fim, the end, fui, até nunca mais, "não é um adeus, é só um nunca mais vou te ver".

Então, com o fim de um relacionamento é preciso aprender a andar sozinho - afinal, você andava como antes dele? -, se quiser com participações especiais, mas de regra, sozinho, tipo namorar consigo mesmo, que privilégio!

Mas se você sente falta de andar de mãos dadas na rua, dormir de conchinha e acordar com um beijo. Você que mesmo rodeada de pessoas, se sente sozinha e que não tem um amor para chamar de seu (pra que ser possessiva?).

Você  aí que não entende como chove na horta da vizinha, não entende a grama dela ser mais verde, e que odeia programas a sós, como cinema e restaurante. Que viu sua melhor amiga vestida de noiva, outras tendo filhos e sentiu uma pontinha de ciúmes da sorte - ou não - delas. Que sonha com um final feliz de livro, um amor além dessa vida como em “A culpa é das estrelas”, mas que percebeu que a culpa é sua mesmo e que a vida é real.

Falo de você garota, que coloca o amor em primeiro plano, e acredita cegamente que aquele cara é o amor eterno da sua vida, tenho um segredo para te contar...

Ter só um amor - e digo só, porque é só mesmo - não é suficiente. Ainda mais com essa montanha de amores mais ou menos por aí. A gente não precisa de nada que seja mais ou menos.

Quem precisa de uma vida mais ou menos, um trabalho mais ou menos, um dia de verão mais ou menos? Afinal, alguém está vivo mais ou menos?

Assim como queijo sem goiabada, celular sem crédito, caneta sem tinta, impressora sem papel. Não adianta nada, porque falta.

Ninguém se contenta com pouco, metades, um terço, queremos sempre mais. O pouco, o mais ou menos, não mata fome, não preenche o coração e muito menos a vida.

Então, para você que acredita que um namorado vai acabar com a sua solidão, esquentar seus pés e ainda lhe livrar de seus problemas, talvez até acabar com a fome do mundo. 

Que acredita que ter um amor para chamar de seu lhe dará a paz que tanto procura, e te completará como deseja. Não se iluda, que boba. Assim como existe todos os prós do mundo, há os contras multiplicados.

Entenda que, mais importante do que procurar alguém é se encontrar. Mais importante que conhecer alguém é se conhecer.

Mais importante que suportar os defeitos e os erros de um outro alguém é saber lidar com os seus. Sei que é difícil, mas sem isso você não tem chances. 

Você deve aprender a se cuidar, se descobrir, se respeitar todos os dias. É enxergar em você uma ótima companhia, se olhar no espelho e gostar do que vê, é preservar o que sente, ser alguém que você gostaria de ter por perto.

Muito mais importante que amar alguém é se amar. 

Se enxerga garota! 

Aproveite o dia dos namorados - e todos os outros dias - e namore com a pessoa mais importante da sua vida: você!

Com Francieli Rech

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Antes embriagada.

Depois dele, ela passou a frequentar novos lugares, procurando alguma razão ou sentido as coisas que estavam tão sem graça, desde aquele dia - há algum tempo atrás - quando ele se foi. 

Parece um ano preto e branco. Não vendem mais aquela caixa de lápis de cor de 36 cores, caso queria dar uma colorida nesse tempo?

Como as coisas não mudavam, ela resolveu mudar.

Primeiro o cabelo, entrou na dieta, trocou algumas bebidas por bebidas mais fortes. Buscava qualquer coisa que lhe causasse amnésia, causasse coragem, qualquer coisa, menos lembranças dele.

Enchia o copo, a cara, enchia o coração de desconhecidos de boa aparência, no fim, enchia o saco.

Nos finais de semana, passava horas decidindo a roupa perfeita e como reagiria se o encontrasse em qualquer metro quadrado daquela festa, como disfarçaria e como entraria em acordo com sua razão, para tentar ao menos resistir a aqueles olhos castanhos.

Vez em quando ela não conseguia, vez em quando ela lembrava que esteve com ele na noite anterior - como assim? - lembranças vagas e turvas. Pelo jeito, novamente ela não resistiu, e o pior, nem lembra.


Ultimamente ela andava bebendo demais, diziam por aí, mas e daí, ela andava amando demais também, e ninguém falava nada!

Dizem que tudo em excesso faz mal.

Aliás, e as lembranças em excesso? 

Fada do dente, Valter Mercado, Santo Antônio, ajudem, a moça só queria esquecer. Como faz?

Em todas as coisas um pouco dele, em cada rosto, cada olhar, em cada minuto, no fundo do copo, sempre ele.

Então, ela afogava as mágoas, afogava as lembranças dele no fundo daquele copo, afinal, antes embriagada do que iludida. Mas no dia seguinte, os dois.


sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Não sei porque insisto em insistir em você.



Não sei porque diabos ainda me preocupo com você.

Porque ainda guardo o canto do bolo, o último pedaço do chocolate, a garrafa daquela cerveja importada que você coleciona. Não sei, mas ainda passo naquela esquina no mesmo horário, na esperança de ver você passar, ainda lembro de você quando como torta de chocolate e ainda lembro o nome da sua bebida preferida.

Porque ainda escuto as mesmas músicas, uso aaquela camiseta surrada que você esqueceu. Frequento os mesmos lugares, deito do outro lado da cama, esperando que você volte a ocupar o seu, mesmo já fazendo alguns muitos meses que você se foi.

Ainda tenho problemas com a ré, não aprendi a estacionar o carro e guardo suas meias e cuecas naquela gaveta de cima, aquela que eu odiava ter que compartilhar.

Aquelas fotos ainda estão na estante, a sua carta ainda fica na cabeceira, ainda frequento suas redes sociais e ligo aleatoriamente pra dizer que sinto saudade, mesmo jurando que foi engano. Ainda espero aquele convite do jantar, aquela ligação quando chegasse em casa, ainda espero que entre por aquela porta desde quando saiu por ela, pedindo que eu me cuidasse.

Não sei porque ainda rego esperanças quase secas, deposito toda a minha fé na sua volta, não sei porque não me disponho a te esquecer. não sei porque insisto em insistir em você.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Sobre aquela caixa esquecida.

Encontrei aquela caixa, aquela onde guardo as fotos, cartas, cartões e ingressos de shows.

Olhando para ela, lembrei de nós. Por favor, não me julgue, foi inevitável.

Olhando tantas recordações, tantos detalhes de uma história que não deu certo, parece que foi há tanto tempo, em uma outra vida. Em uma época onde as pessoas viviam felizes para sempre, ao menos é o que eu lia nos livros.

Uma época onde heróis destemidos venciam grandes guerras e não desistiam quando perdiam uma batalha.

Uma época onde os filmes eram românticos, com beijos apaixonados, em preto e branco e o colorido se dava pela profundidade do sentimento.

Mesmo as cartas estando amareladas, as fotos não metem, não foi há tanto tempo assim. Até alguns caras com a barba para fazer, olhos verdes nas festas ainda me fazem lembrar de você.

Dentro do meu livro favorito ainda tem aquela flor que me deu de aniversário - provavelmente colhida de um canteiro qualquer, mas era absurdamente linda. Estranho. Pensei que ela se despedaçaria no momento em que você foi embora.

Mas nem o relógio parou, nem os dias, os meses e os anos. As estações mudaram, os programas de TV continuaram tediosos no domingo.

A vida continuou e eu fiquei. Fiquei aqui, esperando. Esperando o tempo curar. Confesso, ele não fez um bom trabalho.

Sabe, por mais que as pessoas digam que se importam, elas não se importam. Foi preciso enfrentar sozinha.

Mas não consegui ser forte o tempo inteiro, me permiti chorar e afogar as mágoas em algum copo de bebida. Porque ninguém melhor que eu sabia o que eu estava sentindo.

Pode não ter parecido, mas eu tentei reagir da melhor maneira possível. Eu apaguei as mensagens, os registros, o seu número, mas eu ainda tenho as nossas fotos no computar.

Não nos demos o trabalho de devolver os pertences um do outro. Na minha casa ainda tem coisas suas, como tem minhas na sua. E a gente sabe que elas jamais serão trocadas.

Elas foram esquecidas, naquela gaveta, que vez ou outra abrimos.

Ouvi dizer por aí que a nossa história não foi resolvida, que a sua família ainda fala de mim.

Que você tem um novo alguém, uma pessoa para dividir todos os sonhos que um dia desejamos para nós.

Ouvi por aí que você está feliz, que não pensa mais em mim com tanta frequência. E eu me pergunto se você também esconde o que sente, se ainda lembra de mim ou se realmente superou.

Confesso, de forma egoísta, que saber que está tudo bem dói, é como se a nossa história não tivesse valido nada e que a minha dor tenha abafado a sua. É como se eu sempre tivesse amado sozinha. Então, espero que não tenha jogado fora os meus cartões e os chicletes que colei na sua escrivaninha. Nem que tenha esquecido o meu café e a minha lasanha.

Enfim, vou continuar a arrumar essa caixa, e ela está uma bagunça. Chegou a hora de colocar o que restou do amor no seu lugar, guardar as fotos em plásticos, os bilhetes em envelopes (tenho esperança de preservar - ao menos o que vivemos - do tempo). Você bem sabe, sempre me encontrei na bagunça, tenho receio de guardar isso tudo e nunca mais encontrar.

Mas eu acredito no tempo, nas coisas boas do mundo.

Acredito no amor e nas suas várias formas.

Mesmo parecendo clichê, queria que soubesse que dentro desta caixa está a história mais linda que eu vivi.

E ela foi com você. Você é o meu passado e foi o meu presente.

É, você foi. Mas não voltou.


Por Francieli Rech