quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Ela fez a escolha certa!


Quanto mais os dias se passavam, mais ela entendia o quanto fez a escolha certa.

Ela sempre quis que ele a impedisse de ir embora – sempre fazem isso nos filmes, por que não com ela? -, esperou ansiosamente por uma declaração de amor – um sequestro, uma greve de fome – ou uma placa dizendo: fique!

Ela sempre pensou que significava alguma coisa, algo a mais do que algumas noites, meias jogadas, roupas espalhadas, pernas entrelaçadas e uma lembrança legal.

Ela sempre quis que ele visse o mundo como ela via -neon e com purpurinas -, que exigia sentimentos correspondidos a mesma altura, ela que sofria quando isso não acontecia por esquecer que existiam muitas formas de amar, mas que nenhuma era menos justa que a outra, apenas diferentes, como eles também eram.

Ela sabia que esperar por ele era perda de tempo, ele nunca corresponderia as expectativas dela, eles eram tão diferentes que não tinham nada em comum, a não ser o fato de que ela gostava dele e vice versa.

E como ela imaginou, no dia em que ela iria embora, ele não estava esperando por ela com uma faixa com pedidos de “fique”, ele nem ligou, não desejou boa sorte, não foi se despedir, não deu sinal de vida, de fumaça, sequer mandou uma mensagem dizendo graças a Deus “já vai tarde”.

Ela até pensou em ligar antes de embarcar naquele voo sem previsão de volta, afinal ele poderia ter estado muito ocupado, poderia estar sem telefone ou com o sinal ruim, talvez tenha ficado preso no congestionamento e chegou atrasado, talvez a faixa demorou a ficar pronta, talvez, ou talvez ele poderia ter esquecido que era a última chance, a última.

Ele sabia de tudo isso, sabia que era a última chance, das 32 que ela deu, ele sabia mais do que ninguém o que estava perdendo, e não era pouco, mas não importava, ele nunca entrou nesse jogo pra ganhar. Afinal, cá entre nós, quem disse que ele queria que ela ficasse? Então ela foi.

Deixou para trás o amor da vida dela. Sem cerimônias, sem abraços, sem boa sorte, sem um pedido de “fique”.

Ela sabia que a saudade iria doer, ela ainda pensava nele, em cada retorno, em cada foto, ela o procurava em cada beijo e barba mal feita, mas ela sabia, fez o que tinha que fazer.

Afinal, se ele não quis que ela ficasse ele iria embora de qualquer jeito, era só questão de tempo.

E ela não gostava de esperar, quem dirá esperar pelo incerto, então pronto, ela não combinava com sofrimentos prolongados e noites devorando potes de sorvetes. Esse papo não era com ela.

Apressada, ela não esperou, estampou aquele sorriso lindo nos lábios, jogou aqueles cabelos pretos e seguiu em frente.

Pra que olhar pra trás, né? Se tem uma coisa que ela já sabe da vida, é que pra frente é que se anda.


Nenhum comentário:

Postar um comentário