quarta-feira, 23 de julho de 2014

Justo ela.

Ela olhou o celular, não havia nada, olhou mais uma vez e nada dele, nenhum sinal, nem uma mensagem sem querer, só daquelas pra dizer estou aqui. Abriu o whatsapp, percebeu – com dor no coração – que a “fotinho” dele se distanciava do topo, cada vez mais.

Ele, justo ele, que devolveu o brilho nos olhos, que arrancou gargalhadas, tirou o sono, o sossego e, ainda de quebra, roubou o coração dela fácil.

Ela, justo ela, que parecia uma rocha, forte demais, decidida demais, segura demais.

Ele que chegou como uma brisa e partiu como um furacão, bagunçando o que estava em ordem e quebrando o que estava inteiro.

Ela, que abriu a porta, agora tinha que fechar, e assim como nas outras vezes, sem indiretas, sem magoas, vai colocar tudo no lugar.

Vai se acostumar com as horas que não passam, a distância que aumenta, com o inverno interminável e com a chuva lá fora, com os cafés e corações que esfriam rápido demais. Ela vai se acostumar com a saudade, com a ausência.

Se um dia ele perguntar, ela vai responder que está tudo bem, ou que está tudo indo e vai sorrir. Porque é isso que acontece, as pessoas vão e a vida segue. Fazer o que?

Ontem, ela sentiu muito. Hoje, sente falta. E amanhã, talvez, não sinta nada. Mas sentada, relendo as conversas no aplicativo, espera que ele sinta tanto quanto ela.

Por Francieli Rech

quarta-feira, 9 de julho de 2014

É pra frente que se anda.

Quanto mais os dias se passavam, mais ela entendia o quanto fez a escolha certa. Ela sempre quis que ele a impedisse de ir embora, ela esperou ansiosamente por uma declaração de amor ou uma placa dizendo: fique! Ela sempre pensou que ela significava alguma coisa, algo a mais do que algumas noites e uma lembrança legal.

Ela sempre quis que ele visse o mundo como ela via, exigia sentimentos correspondidos a mesma altura, sofria quando isso não acontecia, ela sempre esquecia que existiam muitas formas de gostar, e que nenhuma era menos justa que a outra, apenas diferentes.

Ela sabia que esperar por ele era perda de tempo, ele nunca corresponderia as expectativas dela, eram tão diferentes que não tinham nada em comum, a não ser o fato de não estarem juntos, graças a ele.
E como ela imaginou, ele não estava esperando por ela, não ligou, não desejou boa sorte, não foi se despedir, sequer mandou uma mensagem de "já vai tarde".

Ela pensou em ligar, afinal ele poderia ter estado muito ocupado, poderia estar sem telefone ou com o sinal ruim, poderia ter até esquecido que era a última chance, a última, mas não. Ele sabia de tudo isso, sabia que era a ultima chance, das 32 que ela deu, ele sabia mais do que ninguem o que estava perdendo, mas não importava, ele nunca entrou nesse jogo pra ganhar. Afinal quem disse que ele iria ficar?

E por mais que a saudade doesse, ela ainda estava ali, mas ela sabia que esperar por algo que não chegaria era fatal. Então, como sempre ela estampou aquele sorriso lindo nos lábios e seguiu em frente. Pra que olhar pra trás? Ela já sabia, é pra frente que se anda.