terça-feira, 12 de agosto de 2014

Ela estava com saudade

Ela tem a mania de confundir tédio com amor, preguiça com amor, fome com amor, sono com amor, esperança com amor, sofrimento com amor. Ela confunde tantas coisas.

Que fique bem claro, ela nunca teve nada contra o amor, mas talvez ele que não vá com a cara dela.
 
Ela acredita em amor a primeira vista, acredita em paixões platônicas, no dedo podre e até no cupido, que convenhamos é um FDP.
 
Com o tempo, ela cansou de conhecer e esquecer pessoas, de falar coisas da boca pra fora, de dar chances a quem não merecia, de tentar gostar de quem parecia ser ideal, e principalmente de evitar chegadas, para prevenir partidas.

Então ela decidiu ser roteirista da própria vida, resolveu beber até te esquecer e distribuir os pedacinhos do coração que você quebrou.

Ela queria falar do quanto odiava quando você a procurava e depois sumia, de quando estava quase te esquecendo e você a procurava, de novo e de novo. Ela queria lhe dar um murro.

Metade dela sabia que não poderia e a outra metade era insistente, babaca e masoquista.

Vocês já se enrolaram tanto, que ela nunca sabia se estavam indo ou voltando, terminando ou recomeçando.

Ela sabia que o tempo curaria tudo, só não curaria o tempo que perdeu esperando o tempo passar, esperando o dia em que esqueceria você.

Ela pensava em pedir desculpas pelos barracos e avisar que esse sentimento que você estava pisando era dela. Ela queria dizer que foi sem querer, que, praticamente, tudo o que ela fez foi sem querer, inclusive, gostar de você.

Ela sabia que não daria para voltar atrás, para que as coisas voltassem a ser do jeito que eram, ou que ela achava que eram. Ela estava com saudade, você com outro alguém.




com Francieli Rech

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