quarta-feira, 9 de março de 2016

Se apega, sim.



Se apega, sim.

Que papo é esse? Será que a gente tem que passar a vida toda com essa tatuagem na testa e no coração de "não se apega, não"? Até quando eu não posso me apegar? Tem idade pra isso? Quem falou que eu não posso? E se eu quiser? Algum problema?


Se ele sumir? E se te magoar, não chore, calma, eu disse pra não se apegar. Ele tinha cara de quem não iria ficar e agora você aí, chorando por alguém que não merece suas lágrimas. Se tivesse me ouvido e não tivesse se apegado, viu?

Acabou seu namoro, você ficou em uma “bad” do caramba, isso? Normal, a gente fica assim. Mas calma, se você não tivesse se apegado, não teria namorado, e conclusivamente não estaria aqui sofrendo, certo?

E aquele cachorrinho que você achou na rua, lembra? Era a coisa mais fofinha que você já havia visto nos últimos anos, gostosura em forma de pelos. Mas, ele tinha coleira, então, não se apegue ok? Logo o dono aparece, e apareceu. Graças a Deus ou não. Agora você está aí chorando pelo cãozinho que voltou pra casa dele.

Se você seguisse os conselhos de não se apegar, nada disso aconteceria. Você não estaria sofrendo pelo boy que sumiu e te magoou, pelo namorado que lhe deixou e nem pelo cãozinho que voltou pra casa. 

Mas e o coração, quando é que você usaria? Vai guardar para a final do campeonato? Vender no mercado livre? Já sei, você é um doador e tem medo de estragá-lo? Acertei?

Porque, se você viver sem se apegar em nada e nem ninguém, pode guardá-lo em uma caixinha, só está ocupando espaço, né?

Eu sei, se apegar torna a gente vulnerável, mas minha mãe sempre diz que a gente sai na rua e nunca nem sabe se vai voltar, mas a gente sai, então por que não se apegar? 

Com o coração deve ser mais ou menos assim, a gente não pode se proteger de tudo pra sempre, a não ser que realmente guarde o coitado em uma caixinha enterrada no fundo do quintal.

Esse papo de não se apegar é puro medo, eu também tenho, e muito, todo mundo tem.

Todo mundo tem aquela lista negra, informando ao lado de cada situação um “você não deveria ter se apegado”, e acaba levando ela no bolso, caso encontre alguém no caminho que seja digno do risco, vai que você esqueça e se apegue?

Aí a gente memoriza e repete tudo que já passou quando por um engano – ou um buque de flores - se deixou apegar, logo por aquele canalha, exu sem luz, aquele que era mais falso que nota de 3 reais, e você fez o que? S-E A-P-E-G-O-U A L-O-K-A! Então a gente lembra de tudo que passou e veste aquela armadura toda.

Mas até quando? 

Você vai evitar se apegar pra sempre?

Se apegar é quase inevitável, a gente não pode viver fugindo. Um dia a gente tem que deixar que as coisas sigam seu rumo, sem armaduras, sem medos, sem precisar fugir de tudo e de todos. 


Muitas pessoas vão te magoar, muita gente vai chegar como quem não quer nada e partir seu coração. Tem gente que você vai gostar à primeira vista e ela não, tem gente que vai chegar querendo concertar tudo e vai lhe mostrar que nem todo mundo chega com planos de ir, tem gente que veio querendo ficar. 

Então se apega, se apega mesmo, mas vai com cuidado, a gente nunca sabe quem está disposto a ficar e ninguém chega com um currículo e cartas de recomendação dizendo: Vai na fé que esse é pra casar! 

Você só vai saber quando tentar. 

Talvez no final de tudo você procure o autor desse texto, no caso eu, dizendo que sou causadora de mais um coração partido e que só posso ser sócia da SuperBonder pra achar que isso cola fácil, eu sei. 

Mas acredite, tem gente que ainda vale a pena, ô se tem, tem gente que chega para fazer o que nenhum fez e é aí que você deve se apegar. Vai lá, se apega boba, se não vai perder a melhor parte.

quarta-feira, 2 de março de 2016

Sei que você não esqueceu.



Eu sei, você não esqueceu.

Tudo bem guria, vai lá, chuta o balde hoje, aproveita que não é sempre que se tem a desculpa de um "ela acabou de ficar solteira, dá um desconto, né?”

Hoje à noite vai ser histórica (tradução: elas vão acordar arrependidas amanhã, não vão lembrar de muita coisa, sentirão medo, algumas não vão saber onde deixaram o carro, o dinheiro, a carteira de motorista, a dignidade).

Vai guria. Vai para um aquece, bebe todas, suas amigas já começam a dar a louca, uma está mandando áudios no whatsapp freneticamente, como ela fala né?

Outra, já chora quando ouve aquela música do Jorge e Mateus, por favor, quem coloca Jorge e Mateus em um aquece quer ver a geral ligando para o ex, né?

Algumas vão chegando, cada vez mais bêbadas, umas nem sairão de casa, já deram PT (perda total).

Você e mais uma, firmes – nem tanto - e fortes, nossa, há quanto tempo você não bebia assim?

Você vai chegar na balada, pedir uma dose, duas, dez doses de vodka, até ver o mundo – e aquele carinha feio - todo lindo. Opa!

Você vai cantar aquele boy magia maravilhoso - eu sei, ele é lindo e o sonho de qualquer uma aqui, até o meu, mas é praticamente impossível né, tudo bem, vai lá, a “tentada” é livre - com aquela cantada de sempre: "Enjoei de mim, quer pra ti?" Péssima, muito ruim!

Então, claro, não vai conseguir ficar com ele. Vai colocar a culpa na cantada. Ok. A culpa é sua, coloque em quem quiser.

Vai pedir mais uma vodka, e tentar aquele segundo da lista - não menos impossível – e, acredite, é mais um não.

Brasileira, vai tentar aquele mais feinho - o mais legal - e nada.
Tudo bem, você vai até aquele, a última opção, aquele que está atrás de você a festa toda, e que não lhe daria um não nem aqui, nem na China. Vai ficar com ele como se fosse o amor da sua vida. O que dura algumas duas horas.
Vai ao banheiro, sozinha.

No caminho vai pensar em mil maneiras de se livrar do boy, não vai encontrar nenhuma, vai dizer que precisa de espaço, uns 30 metros aí vai, por favor?! Ele não vai entender.

Vai novamente ao banheiro. Agora é hora.

Vai se agachar e passar por ele, sem que ele lhe veja, ele que lhe espera na porta do banheiro, e que ali ficará até quem sabe um dia você aparecer.

Vivaaa, livre, liberdade, você conseguiu, nem sinal do boy na sua volta.

Vai passar por aquele boy magia - aquele do não - e tentar mais uma cantada, ah vai, só mais uma, pequenina, afinal o não a gente já tem. Vai levar o não, de novo, aquele que já tinha.

Vai encontrar outros boys magias, mas prefere dançar... Como é bom dançar né?

Vai ser avisada de uma coisa muito triste: "Amiga, acabou a festa!"

Como assim acabou?
Vai reclamar, dizer que não quer ir embora, vai bater o pé, ser carregada, vai contra vontade.
Afinal você nunca quer ir embora!

Vai pra casa, pega o telefone, nenhuma mensagem para o ex. Parabéns, você conseguiu!

Isso vai se repetir, uma duas, três vezes. Acontece com todo mundo.

"Nossa, como ela esqueceu ele rápido né?" "Pra quem amava tanto ele, troca de namorado como troca de calcinha!" É esse tipo de coisa que você vai ouvir por algum tempo, mas tudo bem, eles não sabem de nada.

Eu sei, você não esqueceu.

Sei o quanto você pensa nele, sei disso, sei que ficou olhando a foto dele no whatsapp quando chegou daquela festa, talvez até no meio dela pra saber a última visualização dele, e sei também que acabou dormindo sem querer com a imagem dele na tela inicial do telefone, já aconteceu comigo. Bate aqui?

É difícil, ninguém esquece do dia pra noite, ninguém arranca um amor do coração desse jeito, a gente leva tempo até aprender a viver com o que tem, que é a mesma coisa que tinha antes dele, ou seja, a nossa vida toda pela frente.

Eu sei que você não troca de namorado como troca de calcinha, afinal aqueles boys da festa não são namorados, e beijo na boca não significa nada sem amor, mas fazia parte daquele plano todo de chutar o balde uma vez na vida. Afinal, quem nunca?

Então para, respira fundo, o que você tem vontade de fazer?
Ah guria, vai lá, chute o balde hoje, amanhã, depois, quantas vezes for necessário, arranje outro namorado, se apaixone, sofra, seja feliz, tente, faça o que tiver vontade, mas não mande mensagem para o ex.

Lembre-se dos motivos de ele não ser mais atual, eu sei que você não esqueceu, nem dele, das lembranças, e principalmente do dia e do motivo que o fez deixar de ser seu.

Eu sei que você não esqueceu, mas está tudo bem.