Não quero que você volte, nem pensar. Não estou amargurada chorando até agora pela sua partida. Já foi. Já deu. E ficou tudo bem por aqui.
Eu não escrevo mais sobre você, já faz algum tempo, talvez seja por isso que meus textos tenham vindo ultimamente sem aquela devida emoção, sabe? Aquela que os faziam ser cada um mais especial, sei lá.
Eu prometi que esqueceria, e acho que até consegui. Né?
Ninguém disse que não seria difícil, no começo tudo é, a dieta, a cidade nova, o emprego novo, a gente tem essa mania de não gostar de mudanças, a gente não se adapta da noite para o dia, é complicado. Mas complicado, complicado mesmo é acostumar sem teu sorriso e aqueles olhos pequenos, aqueles olhos eram uma sentença de "agora ferrou querida, segura na mão de Deus". Tudo bem, dizem que a gente acostuma com tudo, e eles tem razão.
A gente sempre foi muito diferente...
Tipo feijão e arroz, água e vinho, praia e campo, mas a gente sempre foi tolerante um com o outro, parceiro, a gente abria mão da gente pelo outro, sem esforço, sem perceber, e isso sim era prova de amor, né?
Mesmo assim eu sempre disse que não daríamos certo, a cada briga, a cada conversa, insistia nas nossas diferenças e no fim te pedia pra ser só meu. Eu e essa bipolaridade sentimental...
É claro que eu percebia que o que eu sentia por ti me consumia o peito, na verdade nem eu entendia, acho que tive medo. A cada dorzinha de saudade eu tinha medo, e isso geralmente não acontecia por aqui, né coração?
Enquanto eu falava sobre os lugares que eu iria, sobre os sonhos que tinha, onde moraria, o que seria, e sobre a minha desaprovação quando aquele garoto deixou de seguir um sonho pela namorada, você só observava. Eu falava nas linhas e entrelinhas, vinha assinando meu termo de culpa sem perceber, ia fixando meu lugar na tua lista negra e nem percebia. As vezes eu me saboto, é isso.
Sempre exalei liberdade, não dava pra colocar só a culpa no signo, eu parecia gostar de "ser de ninguém", sentia euforia em gritar um "ninguém manda em mim", mesmo quando sabia que o melhor lugar para estar era ali, do seu lado. Eu sei, fui uma otária, as vezes eu ainda sou.
Desculpa.
Mas queria que soubesse que depois de você eu quis mudar, tentei, tentei mudar um pouquinho todos os dias, mas meu tempo era curto e, fui te perdendo aos poucos sem saber o que fazer para impedir. Eu nem sabia por onde começar, como é que se gostava de alguém povo?
Sem sorte de principiante eu fui vacilando, a máquina de vacilo que acertava uma, errava duas, na tentativa de somar alguns míseros pontos positivos eu só gerava débitos, até que te perdi. Eu não entendia muito sobre o amor, confesso, mas com o tempo eu entendi que era você, foi você e talvez ainda seja você.
Tudo bem, esse não é um pedido para que volte, mas se você quiser eu estou falando sério, mentira estou brincando, mas nunca falei tão sério em toda a minha vida, serião. Meu Deus eu falo muito sério!
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