Em um dia desses chuvosos, ela estava sentada na varanda, ela costumava ficar ali quando se sentia triste. Naqueles dias em que aquele friozinho, só fazia lembrar do quanto aquele abraço era bom, do quanto aquele sorriso era lindo e do quanto ela já riu sentada naquela varanda ao lado dele.
Então ela resolveu ligar, mesmo com tantas negativas anteriores, mesmo com o orgulho gritando “não sua tonta“, "ei anta, não faça isso", "vai fazer papel de trouxa de novo, ok", ela resolveu, depois de muito tempo, se dar mais uma chance, pois mesmo que ele não merecesse, ela merecia, só mais uma. Coisa pouca.
Ela ligou. Disse que estava com saudade, convidou-o pra um programa qualquer, com a pior desculpa dela - pior do que responder mensagem as 4 da madrugada dizendo que acabou de acordar em um sábado-, daqueles que acabariam em uma noite como as antigas.
Quando ela já estava desistindo no meio da ligação, ele atendeu. Meus Deus, ele atendeu!
Foi simpático, foi meigo, foi escorregadio, e por mais que olhasse pra ela com cara de quem não queria ir, ele respondia com aquelas respostas de “não estou afim”, disfarçadas de “qualquer dia a gente marca, morreu meu parente, estou doente, tenho muito trabalho essa semana, estou um pouco cansado”. Aquelas desculpas, que ela só conheceu no fim daquele conto, nem tão de fadas.
Então, ela percebeu que não era mais importante, que ela estampava na cara - e naquela ligação ridícula - o quanto queria, o quanto sentia e ele sabia, mas não havia mais saída para alguém que estava ali, amando sozinha. Sem chance, ela sabia que aquilo não iria mudar.
Ela sempre soube, e mesmo assim ela encontrava motivos para ficar, se apegava em qualquer sinal, mesmo que inexistente, ela via sentido em todas as coisas, ela estava decidida a ficar ali, mesmo sabendo que não havia alternativa, que não fosse deixar aquele cara para trás, mesmo que ainda gostasse dele.
Ela sabia o quanto era difícil deixar de querer alguém, ela tentava fugir dessa parte triste dos relacionamentos, ela sempre dizia que não começava relacionamentos porque terminá-los era muito triste, mas por mais difícil que fosse, por mais que quisesse aquele cara com todas as forças, não era recíproco. Ele não queria ela, mas ela não poderia deixar de se querer.
Então ela se quis.
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