"Oi amor! Sou eu - lembra de mim? - só estou passando pra dizer que estou com saudade!"
Senti vontade de mandar pra ele, por no mínimo algumas 7 vezes, nos últimos 10 minutos.
Pensei em ligar - disquei e apaguei seu número por algumas vezes - e dizer as mil coisas que programei pra quando a gente se encontrasse novamente.
Lembrei de quando eu o abraçava daquele jeito tão apertado, que chegava a trancar a respiração. Sabe?
Pensei em aparecer de surpresa, levar seu vinho favorito e o chamar pra sair sem rumo, como de costume.
Mas e se as coisas não estiverem como deixei?
Pensei em justificar minha ausência com qualquer desculpa esfarrapada.
Contar que estava doente, que a ponte que liga nossas cidades caiu, que fui sequestrada por esse tempo todo, trabalhei na cruz vermelha, fui guia turística na África, me isolei em uma tribo indígena ou qualquer coisa que justificasse minha ausência por esse tempo todo.
Pensei em explicar o motivo da minha partida ou explicar os motivos tão vagos que apressaram a minha chegada.
Mas, não parecia justo voltar.
Afinal, quem vai embora sem dar tchau? Quem diz que ama mas, que precisa ficar longe? Quem tenta se esconder do que sente?
Deixei ele pra trás, como se deixa uma roupa velha, um sapato usado, como se deixa um óculos que não se usa mais. Como pude ser tão egoísta?
Não sei. Só sei que ao voltar, resolvi visitar aquele lugar que a gente adorava, na esperança de encontrar tudo que deixei.
Vesti a minha melhor roupa, arrumei o cabelo do jeito que ele gostava e passei aquele perfume das lembranças.
Entrei na festa - com o coração na mão - e lá estava ele.
Percebi em segundos o efeito daquele sorriso branquinho retornando a minha vida, ele sorria tão maroto.
Fui em direção a ele - levando aquela saudade reprimida e aquela culpa nos olhos - e instantaneamente percebi uma mão que segurava seus ombros largos.
É amigo, nada estava como deixei.
A gente sabe que quando vai embora abre mão de certas coisas, e é egoísmo achar que elas estarão do mesmo jeito que deixou. Mas pensei que...talvez.
Então, dei meia volta - entre borrões na maquiagem com as lágrimas que insistiam em brotar feito as cataratas dos meus olhos - tentei segurar aquela angústia que me tomava o peito, esquecer a razão que gritava que a culpa foi minha e aquele arrependimento de ter voltado tarde demais.
Não havia nada que poderia ser feito.
Naquela noite a nossa música não tocou, e a festa acabou ali.
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