segunda-feira, 26 de maio de 2014

Tempo de limpeza.

Hoje ela acordou tão de bem com a vida, que até parecia que na noite de ontem o Caio Castro havia começado a seguí-la no instagram. Ela estava tão contente que pensou em escrever algo sobre ela, sobre eles, eles que talvez nem eram mais eles, mas que pra ela eram, seriam, serão.

Tudo indo bem, até que naqueles papos de quem procura acha, e com a frequente mania de meter o nariz onde não foi, nem nunca será, chamada, lá estava ela. Paralisou. Quebrou. Tremeu. Entendeu. Decidiu.

Um belo e grande balde, digo tonel de água fria, caía da sacada, ela sem guarda-chuvas, sem capa de chuva, se molhou inteira, encharcada, ensopada, de água, de lágrimas.


Ela entendeu, aquela mensagem maquiada em sua cara, com batom 24 horas e não sairia nem com removedor de maquiagem, minha filha. 

Pensou 32 vezes antes de ligar, mandar um email, uma inbox, um whatsapp, só pra frisar o quanto naquele tempo ela estava fazendo mal a natureza, colaborando com o desmatamento de tantas árvores, ao fazer aquele constante papel de trouxa. Pensou em torturar aquele cidadão, e dizer pra todo mundo o quando ele não valia o que comia, o quanto ele tinha vocação pra ser ursinho que repete a mesma coisa a qualquer um que apertar, como aquele "eu te amo" tão falso quanto o dele, antes ela tivesse um ursinho. 


Ao contrário do esperado, dessa vez ela não fez o que queria, não brigou, não xingou, afinal ninguém precisa mostrar beleza aos cegos, nem dizer verdades ao surdos, dessa vez ela foi embora, até porque talvez ele nem lembrasse mais dela, explicações eram desnecessárias naquela altura do campeonato.

Ela juntou os cacos, não varreu pra debaixo do tapete dessa vez, dessa vez ela entendia o quanto precisava varrê-los pra fora, pra fora da casa, pra fora da vida. Já estava em tempo de limpeza.

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