terça-feira, 27 de maio de 2014

Amor é uma parada mais legal.

Ela só falava dele, do jeito dele, dos olhos pequenos dele e de como ele era incapaz de enxergar o que era claro demais. (Pra que tão cego?) De como parecia um idiota, perdido e de como era capaz de comentar a foto do papagaio de pirata. 

Cansada de falar, ela escreveu, desenhou e pintou em tinta neon o que sentia. Cruzou os dedos e esperou por um milagre. Esperou que ele não tivesse medo e que não a enganasse. Desejou que ele percebesse o quanto eram mais bonitos e felizes juntos. Sonhou que ele a impedisse de ir embora. 


Ela apagou o número dele e todas as mensagens, prometeu esquecer, sumir, deixar pra lá, mas os planos falhavam toda vez que ele aparecia. Ela entrava em choque, perdida nos muitos goles de bebida. As amigas tentaram devolver o amor próprio dela em três tapas na cara, três doses de vodka, três pontos fora de casa, mas nada superava aquilo. 

Sim, aquilo. Ninguém sabia dizer o que era, mas não parecia amor (amor deve ser uma parada mais legal). Era algo misturado com orgulho, de não querer perder, não querer esquecer, de desejar voltar 20 casas e reviver aquilo que foi maravilhoso. 


Enquanto ela não virar o jogo e deixar a casa cair, ela continuará ali, sem saber se vai ou se fica, se sofre ou se sorri, se bebe ou dança, se vive ou continua presa a alguém que nunca quis se prender a ela.

Por Francieli Rech

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