Ela
falou sobre como os seus signos combinavam, e quanto foram feitos um
para o outro. Escutou todas as músicas que ele gosta e aprendeu a beber
cerveja. Contou o que pensava, e escondeu que o seu gosto musical não
era tão bom assim.
Explicou,
gritou, demonstrou até o que não existia, pensou em chamar a vizinha ou
alguém que pudesse explicar o quanto o queria bem. Mas enfim...
O
destino arruaceiro, trouxe quem não quis ficar, quem não foi capaz de
entender todos os sinais que você deixou. O destino acabou brincando de
novo e fez aquela bagunça toda. Então, mãos à obra, afinal ela não vai
querer deixar toda essa bagunça, onde não se encontra nada.
Foi
preciso arrumar a casa, colocar as coisas em ordem, isso, mais uma vez
(e quantas mais forem necessárias). Começou por trocar as músicas do pen
drive e aceitar que ele estragou sua música favorita, aquele cretino.
Mudou
os lugares que frequentava e as bebidas eram um pouco mais fortes nos
primeiros dias. Ela não pensava que isso iria lhe fazer esquecer dele,
não, não iria, mas era uma forma de começar a apagá-lo dos sons, dos
lugares e da vida dela.
Depois
de quase tudo no lugar e de todos esses rituais, lembrou que não
morreria por isso, não morreria por ter gostado tanto, assim como não
morreria por amor. E repetiu uma noite toda: “Não é o fim do mundo, não é
o fim do mundo.” E não era mesmo.
Ela pensou por alguns dias que estava em pedaços, mas não estava. Celulares, vidros, óculos e unhas quebram. Ela não. Até sentiu um vazio, mas a vida dela não se resumia a ninguém.
Ah
meu bem, se ela soubesse o quanto é forte. Saberia que tem tantas
outras coisas, muito mais fortes que um quase amor, existem doses de
tequilas e muitas garrafas de vodka, caso prefira uns goles de loucuras.
Ela
sabe que o tempo cura, claro que cura, mas cura o que pode curar, e
apaga o que deve ser esquecido. Amanhã ela vai rir disso, e ele vai ser
só mais um idiota com os olhos bonitos, sorriso perfeito e a barba pra
fazer, como tantos outros caras que ela já esqueceu antes.
Dessa vez, ela quebrou os pratos e porta-retratos, mas não se destruiu, manteve seu coração intacto. Afinal, ela bem sabe que, entre tantos outros caras, a gente
nunca sabe quando aparecerá aquele que gosta tanto de rir como ela, que
tem o quadril solto como ela, que tem o mesmo gosto pela música. Aquele
cara que estenderá a mão pra ela, e achará fofo suas manias estranhas.
Pronto,
ela vai encontrar novamente aquele cara que vai lhe confundir e fazer
ela acreditar que encontrou o cara certo. Mas se não for, ele será só
mais um cara, e ela já esqueceu outros caras antes...
(Mistura de brilhos que deu certo, com Francieli Rech)
(Mistura de brilhos que deu certo, com Francieli Rech)
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