Ela nunca foi de colecionar coisas, não coleciona figurinhas, nem tazos, não coleciona moedas antigas, brinquedos de kinder ovo, ela só coleciona "nunca mais".
E mais uma vez um "nunca mais" fracassado, sequer lembra do último que obteve sucesso, talvez não seja tão importante, não quando se trata dele.
Aqueles "eu nunca mais vou ficar com ele", "nunca mais sequer olho na cara dele", "ele nunca mais vai me ver", simplesmente evaporavam como se fossem parte do processo de mais rápida ebulição em toda vez que ele sorria. Mas que diabos ele tem naquele sorriso? Alguém ajuda?
Ela sequer sabe, deseja profundamente que ele perca os dentes, deseja um tombo, uma cárie, um soco, uma pedrada, deseja qualquer coisa que acabe com aquele sorriso ou o efeito dele.
Aquele sorriso que leva qualquer lembrança ou "nunca mais" da cota, aquele que faz ela não cumprir todas as promessas de o esquecer, aquelas promessas vagas que tem feito desde que começou a lembrar.
Pensou em fazer um despacho, alguma espécie de ritual de magia negra, pensou em costurar o nome dele na boca do sapo, talvez até burlar uma estrela cadente, qualquer coisa que a fizesse esquecer. E nesse tempo, mais ela lembrava.
Quanto mais ela lembrava que tinha que esquecer, mais ela não conseguia. Ela não sabia bem o que, mas ele tinha alguma coisa que completava ela, algo que o fazia ser mais especial do que os outros, algo que a fazia ficar. Algo tipo um carma, um exu sem luz, qualquer coisa que cola.
E mais uma vez ela ficou, ela estava lá, de cara limpa, olhos brilhantes e um sorriso bobo, mais uma vez ela desceu do salto, engoliu o orgulho e abriu o coração, esperando que ele lhe desse a mão, mas não.
Então, dessa vez ela voltou pra casa, e não disse que nunca mais lembraria dele, ela disse que lembraria pra sempre. Quem sabe ela se surpreenda e comece a colecionar surpresas.
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