quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Pronto.

Pronto, ela apagou todas as mensagens fofas e o número dele. Rasgou aquela foto que pediu para uma amiga tirar, só para que ele visse o quanto eram bonitos juntos, a mesma foto que ficava na primeira página da agenda e no papel de parede do computador.





Ela falou sobre como os seus signos combinavam, e quanto foram feitos um para o outro. Escutou todas as músicas que ele gosta e aprendeu a beber cerveja. Contou o que pensava, e escondeu que o seu gosto musical não era tão bom assim. 


Explicou, gritou, demonstrou até o que não existia, pensou em chamar a vizinha ou alguém que pudesse explicar o quanto o queria bem. Mas enfim... 

O destino arruaceiro, trouxe quem não quis ficar, quem não foi capaz de entender todos os sinais que você deixou. O destino acabou brincando de novo e fez aquela bagunça toda. Então, mãos à obra, afinal ela não vai querer deixar toda essa bagunça, onde não se encontra nada.


Foi preciso arrumar a casa, colocar as coisas em ordem, isso, mais uma vez (e quantas mais forem necessárias). Começou por trocar as músicas do pen drive e aceitar que ele estragou sua música favorita, aquele cretino.

Mudou os lugares que  frequentava e as bebidas eram um pouco mais fortes nos primeiros dias. Ela não pensava que isso iria lhe fazer esquecer dele, não, não iria, mas era uma forma de começar a apagá-lo dos sons, dos lugares e da vida dela. 


Depois de quase tudo no lugar e de todos esses rituais, lembrou que não morreria por isso, não morreria por ter gostado tanto, assim como não morreria por amor. E repetiu uma noite toda: “Não é o fim do mundo, não é o fim do mundo.” E não era mesmo.

Ela pensou por alguns dias que estava em pedaços, mas não estava. Celulares, vidros, óculos e unhas quebram. Ela não. Até sentiu um vazio, mas a vida dela não se resumia a ninguém.

Ah meu bem, se ela soubesse o quanto é forte. Saberia que tem tantas outras coisas, muito mais fortes que um quase amor, existem doses de tequilas e muitas garrafas de vodka, caso prefira uns goles de loucuras.


Ela sabe que o tempo cura, claro que cura, mas cura o que pode curar, e apaga o que deve ser esquecido. Amanhã ela vai rir disso, e ele vai ser só mais um idiota com os olhos bonitos, sorriso perfeito e a barba pra fazer, como tantos outros caras que ela já esqueceu antes.

Dessa vez, ela quebrou os pratos e porta-retratos, mas não se destruiu, manteve seu coração intacto. Afinal, ela bem sabe que, entre tantos outros caras, a gente nunca sabe quando aparecerá aquele que gosta tanto de rir como ela, que tem o quadril solto como ela, que tem o mesmo gosto pela música. Aquele cara que estenderá a mão pra ela, e achará fofo suas manias estranhas. 

Pronto, ela vai encontrar novamente aquele cara que vai lhe confundir e fazer ela acreditar que encontrou o cara certo. Mas se não for, ele será só mais um cara, e ela já esqueceu outros caras antes...

(Mistura de brilhos que deu certo, com Francieli Rech)



Nenhum comentário:

Postar um comentário