Hoje diante dos acontecimentos, lembrei de uma menina que conheci há algum tempo. Ela sempre foi delicada como coice de mula, possuidora de uma alegria sem igual e com o coração mais duro do universo.
Sempre acreditou em paixões avassaladoras e sempre disse que se um dia fosse estar com alguém, teria que ser rápido e indolor. Afinal, a maior dor do mundo seria a possibilidade de perda da sua liberdade, de ser, estar, sentir, liberdade que ela sempre manteve acima do resto do mundo, guardada em um vidrinho lá no fundo daquele baú enterrado na praia.
Ela nunca quis alguém que lhe completasse, ela já se sentia completa. Conheceu tantos garotos, tantos abraços e beijos, alguns que guardou na melhor parte de suas lembranças, outros sequer gostaria de lembrar.
Só de olhar pra ela, percebe-se que acredita honestamente no amor, mas parece que os muros que ela construiu a sua volta a impediram de perceber por ele em alguns momentos. Porém, ouvi dizer, que há quase um mês atrás, ela abriu uma janela, e que hoje quase não existem mais partes do muro, algumas poucas, quase que imperceptíveis.
Então, acredita-se que ela encontrou um amor, mas ninguém tem certeza se realmente aconteceu, sabe-se que não foi aquela paixão avassaladora que ela acreditava, mas que a luz foi entrando pela janela, pelas demais janelas e mesmo tendo ela resistido, ele entrou.
Se passares por ela hoje, perceberá que está mais iluminada do que o normal, qualquer um pode perceber. Fácil de entender porque ela nunca quis alguém que lhe completasse, ela sabia que poderia era transbordar.
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