segunda-feira, 7 de maio de 2018

Quantos corações ainda vamos machucar tentando ser de quem a gente não é?


"Quantos corações ainda vamos machucar tentando ser de quem a gente não é?"
Ouvi essa frase, de alguém nada mais nada menos do que meu afilhado de 17 anos...
Vocês entenderam a gravidade? Prontos para o banho de água fria, de chuva quando se está de roupa branca, de balde em baixo da janela ou enxurrada na cara mesmo?
Pois bem, lá estava ela, namorando novamente, acho que talvez seja o quinto namorado em uma fração de dois anos, nossa ela nem havia parado pra contar. Ontem mesmo ela terminou, e ninguém nem ficou surpreso com isso, afinal, ela é do tipo de garota que não suporta ficar sozinha.
De uns tempos pra cá ela vem namorando sem pausas, ele era bonitinho demais para não namorar, abria a porta do carro, ele gostava das mesmas coisas que ela, adorava a natureza e cursava medicina, ela já disse que adora estudantes de medicina? Eles se davam bem, mas acabou, depois de longos 3 meses de "eu te amo", "você é o amor da minha vida" e "vamos morar juntos".
Depois foi com aquele carinha da faculdade que gostava tanto dela, já fazia um tempo, desde o primeiro semestre ele enviava flores no seu aniversário, observava quando ela passava pelo restaurante com aqueles olhos grandes e brilhantes, não era jamais de se jogar fora. Então ela resolveu dar uma chance a ele, eles deram muito certo por cerca de um ano, durante esse tempo todo ela aprendeu a gostar dele, aprendeu a gostar de cada detalhe, mas certo dia ela acordou e não queria mais. 
Ela era cheia de boas ações, é sério, ela se dedicava ao máximo para encontrar alguém que desse certo com ela, que estivesse a altura de todas aquelas expectativas que ela aumentava diariamente, ela andava por ai se envolvendo com pessoas e encontrando almas gêmeas instantâneas, as quais ela com o tempo acabava percebendo que não eram tudo aquilo.
Ela era eu, ela era você, ela era meia dúzia dessa gente toda que tenta se esconder.
Mas até quando  a gente vai ficar se machucando e o pior, machucando os outros, tentando ser de quem a gente não é?

Até quando a gente vai ficar tentando tapar buracos em nossos corações partidos, nos mantendo afastados das pessoas, sem criar muita intimidade para que o "perdido" seja mais fácil?
Por que vivemos nos esforçando para se encaixar no mundo dos outros? Poxa! 
Quando eu ouvi aquela frase, ontem em meio ao jantar, senti um soco no estômago, senti o quanto eu não estava sendo leal a mim e muito menos aos outros, que não tinham culpa nenhuma dessa minha infantilidade ridícula. 
A nova eu, aquela que pedi nas 7 ondinhas do ano novo, não deveria fazer mais isso, só que eu estava fazendo escondida, eu estava sendo uma cretina comigo e com vocês, eu sei.
Por medo e orgulho eu ficava ali, fingindo que estava tudo bem, quando não estava. Eu tentava por muitas vezes inventar um personagem para agradar o amor de alguém, para encaixar na vida de alguém, alguém que eu nem sabia se queria de verdade. Gerando uma bela coleção ridícula de amores que eu quase nunca quis.

De teimosa que sou, eu continuava lá, tentando ser de quem eu não era, tentando mudar um gosto aqui, 34 gostos lá, um costume aqui e outra mania lá, e quando eu percebia eu já não nem me reconhecia mais. E isso por acaso estava certo? Não né, minha filha, eu estava fazendo tudo errado, como sempre, obrigada.


E o pior de tudo, é que a gente sempre sabe de quem é de verdade, não adianta esconder não bb, a gente sabe que não é daquele "fulaninho", do "cicraninho", a gente é daquele lá que talvez já é até de outra, mas a gente é.


Depois daquele pitaco do pirralho metido, e inteligente e coisa mais querida de sua dinda, percebi que eu ainda estava tentando ser de quem eu não era, insistindo em amores mortinhos por medo de encarar um amor que já era meu, que poderia ser, e que eu sabia muito bem de quem se tratava.

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