quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Não sou o que era ontem

Hoje acordei diferente.
Parece que tudo que fazia sentido ontem, hoje não faz mais. Sei lá, talvez hoje eu tenha mudado algumas – uma dúzia de – coisas, daquelas que eu disse ontem.
Lembra aquele texto sobre amor? Aquele que falava sobre um cara que era o amor da minha vida e que esperei por mais de anos para rever? Lembra?
Era verdade, foi tudo verdade, eu contava as horas para rever aquele boy magia - razão das minhas atitudes ridículas por anos -, que foi motivo de todas as minhas noites sem dormir e daqueles textos amorosos e melancólicos que escrevi. Pois é, há alguns dias descobri que ele não era o amor da minha vida, e que eu nem tinha um.
Sabe aquele curso que me formei? Pois é, acho que não é o que quero pra vida toda, resolvi abrir um negócio e vou começar do zero. Eu sei, meu pai vai me matar!
O emprego atual? Nem se fala. Nem é mais atual, pedi demissão hoje, vou procurar outra coisa que tenha a ver comigo, que com certeza não é esse trabalho de telefonista. Nunca nem foi.
Hoje não concordo com a opinião de ontem, nem com a beleza daquele carinha que conheci na balada na sexta – ok, foi a bebida e as amigas cretinas que falaram que ele era lindo -, que nem era lá aquele deus grego, talvez fosse depois do atropelamento.
Hoje bebi vinho ao invés de cerveja. Eu sei, falei que não bebo vinho, mas bebi e daí? Até que estava bom.
Hoje acreditei no amor, sim, euzinha aqui, quando vi aqueles velhinhos andando de mãos dadas na praça.
Comentei que o amor era lindo, que realmente existia e queria muito casar e ter filhos, queria vê-los correndo pelo quintal – de uma casa que eu teria com um futuro marido – com alguns cachorros que teríamos.
Talvez amanhã eu beba cerveja e pense que o amor nem era tudo aquilo.
Qual o problema? Tem algo de errado nisso?
Onde está escrito que eu não posso mudar?
Eu sei, um dia falo sobre amor, outro sobre a raiva que tenho de casais apaixonados. Outro falo sobre a vontade de ir embora e dez minutos depois sobre a vontade de ficar.
Está bem, desculpe se falo sobre meu desapego e  5 minutos depois friso que ninguém sabe viver sozinho.
Mudo de estilo, mudo de roupa, hoje é jeans, amanhã é couro. Corto o cabelo, o vestido longo, exagero na maquiagem, decido trabalhar de cara limpa. Entro na academia, resolvo fazer dieta, largo tudo porque comer é um dos melhores prazeres. Vai entender.
Já perdi as contas do quanto mudei.
Deixei amores “eternos”, “melhores” amigos, emprego “ideal”. Deixei ideias, lugares, deixei coisas, pessoas, deixei sonhos, já até me deixei pra trás.
E hoje, não sei mais o que queria ser. Talvez eu queria ser muitas coisas juntas, separadas, talvez uma por dia, pode ser. Hoje eu não sou o que era ontem e isso que nem faz 24 horas quando eu disse que era, mas calma, amanhã isso tudo já muda.

E quer saber? Ainda bem!

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