terça-feira, 13 de junho de 2017

A triste notícia de que você não é o ovo da marmita.

                                                                                (Se esta imagem é sua por favor entre em contato através de mensagem para créditos)
Você não é - tão - importante.

É isso mesmo, você não é a última bolachinha do pacote, não é o último pedaço do chocolate, muito menos o restinho do papel higiênico. Não, você não é o melhor lugar no sofá, a cobertura do bolo, não é a nota de cinquenta reais encontrada no bolso da calça jeans que foi lavada. Definitivamente você não é o ovo da marmita, queridinho.

Dou como exemplo a vida de Júlia, ela teve um namorinho com um garoto que entra diariamente nas redes sociais da pobre Julia coitada, e acredita sinceramente de que ela pensa nele 24 horas por dia. Sério isso?

Mas infelizmente - ou não -, aquela postagem no facebook de "Júlia está se sentindo feliz", "Júlia está se sentindo triste", não é pra você garoto, não é, aceite.

Júlia não está feliz só porque lhe viu ontem, nem triste porque não lhe viu hoje. Julia está feliz e triste por outras coisas, afinal a vida dela tem milhões de coisas e pessoas, graças a Deus, que não são necessariamente você.

Olha lá na página dela, ela postou uma música que dizia "aonde quer que eu vá, levo você no olhar", ou aquela "bateu saudade, lembrei do tempo em que a gente se amou" e não foi para você. Não foi para ninguém.

Ela não pode somente gostar daquela música? Ela tem que ser necessariamente para alguém? Ela ultimamente anda controlando suas postagens, mesmo sabendo que suas redes sociais são pessoais, ou seja, DELA, SÓ DELA, ELA POSTA O QUE QUISER, ENTENDEU, nem nelas, aquelas postagens aleatórias, ela pode dizer o que sente pra não ser mal interpretada. Ah vá.

Ele - projeto de centro do mundo - tem mania de achar que tudo que ela posta é relacionado a ele, e assim fica nessa vida de visualizações constantes nas redes sociais de Júlia.

Se ela chega em um lugar - esses lugares comuns que jovens da nossa idade frequentam, e ele está, logo, conclui que Júlia foi até lá para vê-lo, mal sabe que ela realmente havia ido para um encontro, mas não com ele.

Ele acreditava que ela frequentava os lugares comuns que eles iam - há algum tempo atrás, tempo que Júlia sequer lembra bem - na esperança da companhia dele, e assim ele enchia o peito de orgulho por Júlia ainda estar apaixonada por ele.

A história de Júlia é a mesma de muita gente por aqui, já foi a minha, já foi a sua, se não foi, talvez um dia será.

Um amigo comentou esses tempos, em meio a algumas conversas sobre relacionamentos, que meus textos - sim, os meus nesse blog,no facebook e na minha coluna - eram diretos demais, explicou que "o cara" por quem eu era, ou deveria ser apaixonada, estava lendo tudo, acreditando que os textos estavam diretamente ligados a ele. Ok. Se por acaso esse cara existisse, o que não faria diferença nenhuma nas postagens dos textos, tudo bem, mas ele nem existe. Sério.

Pareceu minha tia quando encontrou a Nazaré da novela e disse que ela tinha que morrer. Alô, era uma novela, nem tudo é real nessa vida minha gente, fique suave!

Eu sempre soube disso, mas nunca me importei com a opinião alheia, afinal existia cada coisa que eu ficava sabendo sobre a minha vida por outras pessoas, que até eu me surpreendia e ria.

Por diversas vezes imaginei o que as pessoas poderiam pensar ao lerem os textos, em como elas entenderiam aquele bando de informação, que mudava de uma semana para outra. 

Pensariam que além de bipolar, como pedir que ele me esqueça nessa semana e que lembre na outra, eu teria uma vida amorosa mais badalada do que o carnaval de Salvador. O que - infelizmente - não era.

Afinal, não vou ser hipócrita e dizer que nenhum texto fala sobre você, você e você aí - imagine uma sala cheia de gente em que eu aqui, aponto a cada um com aquele dedo indicador enorme -, existem vários parágrafos que falam sobre você. Mas agora, acreditar sinceramente que todos, todos os textos que escrevo são direcionados a um única pessoa é demais né? Provavelmente você não me conhece.

Também não vou negar que existem textos sobre as minhas amigas, algumas coisas que não tenho a cara - de pau - para falar diretamente. Muito menos que muitos deles contém histórias que ouvi por aí, de pessoas que sequer conheço, mas que deram bons textos.  Tem também textos de gente que me escreveu e mandou toda a história, saindo assim mais um texto quentinho.

Ok. Não vou negar que certa vez, um cara me disse que não queria se envolver comigo, porque havia lido um texto meu que falava "Eu não quero ser importante", pensando que eu - que estava realmente interessada nele - havia escrito para ele e que estava só curtindo o momento. 

Primeiro, ele não era "o" cara para ganhar um texto, segundo, eu até estava gostando dele.

O problema é que tem sempre alguém que aposta sinceramente que nós - nós aqui ó - somos perdidamente apaixonadas por esse alguém. E não há quem coloque na cabeça do fulano que aqueles textos todos ou até aquelas publicações de Júlia, não fazem qualquer relação com ele, e que se fizerem, no meu caso, ele vai saber por mim e não por um texto.

Tudo bem, o que a gente faz quando essa gente se ilude sozinha e não quer ver? Nada, a gente deixa o coitado ali, alimentando aquela ilusão e torcendo para que ele não apareça na frente da nossa casa dizendo um "voltei já que pediu no texto", "estou aqui e não fui embora já que pediu no texto", "eu te amo e não aquilo que escreveu no texto", "fique comigo e não fique com o cara do texto", tudo bem que a gente quer leitores né? Mas tente ser um pouco menos né?

Afinal, você queridinho, não é o ovo da marmita, e ainda, tem gente que não gosta de marmita ou tem marmitas muito melhores sem ovo.

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