Se apega, sim.
Que papo é esse? Será que a gente tem que passar a vida toda com essa tatuagem na testa e no coração de "não se apega, não"? Até quando eu não posso me apegar? Tem idade pra isso? Quem falou que eu não posso? E se eu quiser? Algum problema?
Se ele sumir? E se te magoar, não chore, calma, eu disse pra não se apegar. Ele tinha cara de quem não iria ficar e agora você aí, chorando por alguém que não merece suas lágrimas. Se tivesse me ouvido e não tivesse se apegado, viu?
Acabou seu namoro, você ficou em uma “bad” do caramba, isso? Normal, a gente fica assim. Mas calma, se você não tivesse se apegado, não teria namorado, e conclusivamente não estaria aqui sofrendo, certo?
E aquele cachorrinho que você achou na rua, lembra? Era a coisa mais fofinha que você já havia visto nos últimos anos, gostosura em forma de pelos. Mas, ele tinha coleira, então, não se apegue ok? Logo o dono aparece, e apareceu. Graças a Deus ou não. Agora você está aí chorando pelo cãozinho que voltou pra casa dele.
Se você seguisse os conselhos de não se apegar, nada disso aconteceria. Você não estaria sofrendo pelo boy que sumiu e te magoou, pelo namorado que lhe deixou e nem pelo cãozinho que voltou pra casa.
Mas e o coração, quando é que você usaria? Vai guardar para a final do campeonato? Vender no mercado livre? Já sei, você é um doador e tem medo de estragá-lo? Acertei?
Porque, se você viver sem se apegar em nada e nem ninguém, pode guardá-lo em uma caixinha, só está ocupando espaço, né?
Eu sei, se apegar torna a gente vulnerável, mas minha mãe sempre diz que a gente sai na rua e nunca nem sabe se vai voltar, mas a gente sai, então por que não se apegar?
Com o coração deve ser mais ou menos assim, a gente não pode se proteger de tudo pra sempre, a não ser que realmente guarde o coitado em uma caixinha enterrada no fundo do quintal.
Esse papo de não se apegar é puro medo, eu também tenho, e muito, todo mundo tem.
Todo mundo tem aquela lista negra, informando ao lado de cada situação um “você não deveria ter se apegado”, e acaba levando ela no bolso, caso encontre alguém no caminho que seja digno do risco, vai que você esqueça e se apegue?
Aí a gente memoriza e repete tudo que já passou quando por um engano – ou um buque de flores - se deixou apegar, logo por aquele canalha, exu sem luz, aquele que era mais falso que nota de 3 reais, e você fez o que? S-E A-P-E-G-O-U A L-O-K-A! Então a gente lembra de tudo que passou e veste aquela armadura toda.
Mas até quando?
Você vai evitar se apegar pra sempre?
Se apegar é quase inevitável, a gente não pode viver fugindo. Um dia a gente tem que deixar que as coisas sigam seu rumo, sem armaduras, sem medos, sem precisar fugir de tudo e de todos.
Muitas pessoas vão te magoar, muita gente vai chegar como quem não quer nada e partir seu coração. Tem gente que você vai gostar à primeira vista e ela não, tem gente que vai chegar querendo concertar tudo e vai lhe mostrar que nem todo mundo chega com planos de ir, tem gente que veio querendo ficar.
Então se apega, se apega mesmo, mas vai com cuidado, a gente nunca sabe quem está disposto a ficar e ninguém chega com um currículo e cartas de recomendação dizendo: Vai na fé que esse é pra casar!
Você só vai saber quando tentar.
Talvez no final de tudo você procure o autor desse texto, no caso eu, dizendo que sou causadora de mais um coração partido e que só posso ser sócia da SuperBonder pra achar que isso cola fácil, eu sei.
Mas acredite, tem gente que ainda vale a pena, ô se tem, tem gente que chega para fazer o que nenhum fez e é aí que você deve se apegar. Vai lá, se apega boba, se não vai perder a melhor parte.
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