Depois de tanto tempo que havia se passado, depois de tantos dias que pareciam não ter fim e diante de tantas lágrimas que poderiam salvar o sertão da seca, ela já nem lembrava mais dos traços do rosto dele.
Havia esquecido os detalhes, aqueles detalhes que disse que jamais iria deixar apagar da memória, do toque, da maneira como cruzava as pernas, de como coçava a cabeça quando estava nervoso, havia esquecido o modo como ele a olhava e o modo como mexia nos cabelos, como sorria com o canto da boca.
Ela havia esquecido de tanta coisa que disse que jamais esqueceria, havia prometido coisas que não cumpriu, havia dito que seria pra sempre e que o esperaria o tempo que fosse.
Quando recordava dos momentos que passaram juntos ela sentia saudade, não lembrava ao certo quantas vezes, que dias, e muito menos o dia em que se conheceram, ela não sabia como foi, nem fazia questão de lembrar, ela só sabia que estava ali aquele tempo todo, e era isso que importava.
Não lembrava como foi da última vez, e isso não a fazia sentir mal, certamente ele não lembraria sequer quem era ela daqui há algum tempo. Então, que mal faria?
Como que ela esqueceu? Ontem mesmo ela disse que era louca por ele e hoje sequer lembra dos traços do seu rosto e do brilho dos seus olhos. Mas pra que lembrar?
Afinal, ninguém precisa lembrar do que nunca, nem por um minuto esqueceu.
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