segunda-feira, 28 de abril de 2014

Uma chance.

É provável que jamais digam o que realmente aconteceu. Acredite, eles sequer sabem.

Ele não falará do beijo roubado na amiga e de quem hoje ocupa seus pensamentos. Ela não contará que trocou SMS com outro garoto, muito menos que existe outro garoto.

Ele não assumirá que foi covarde e teve medo. Ela não admitirá que não aguentou o tranco.

Em uma guerra de disse e me disse, palavras foram vomitas e outras engolidas, sentimentos foram encubados e outros afloraram. O amor foi trocado pela mágoa, o sorriso pela lágrima, o companheirismo pelo vazio. Onde eles se perderam?

Eles jamais teriam uma chance novamente, usaram todas, desperdiçaram cartuchos.

Ele conheceu outra pessoa, ela também, mas quem teve a sorte de esquecer? 

Os olhares ainda ficam presos um no outro quando se cruzam, ainda sentem a mão suar, a perna tremer, o chão desaparecer.

Ainda sentem que não acabou, que há muito a dizer.


por Francieli Rech

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Pensando em você.

Hoje acordei pensando em você, tentei dormir de novo, voltar para o sonho romântico que eu vinha tendo com o Malvino Salvador, mas não deu. Acordei com uma baita vontade de te ver, pensei em te ligar agora, mas você deve estar dormindo, tomando um café, trabalhando, ou fazendo alguma coisa que agora nem me recordo, faz algum tempo que sequer sei da sua rotina.
Cara, seu idiota, hoje eu precisava mesmo só de você, com essa cara de coitado, com essas desculpas esfarrapadas, briguento, de qualquer jeito, nem que fosse para brigar comigo e me chamar de louca, ou pra compartilhar uma cerveja gelada, uma dança engraçada, um abraço apertado, qualquer coisa que lembre nós dois.

Uma vez ou outra, me proponho a não pensar mais em você, te esquecer de vez, e com a minha imensa maturidade lhe excluir do instagram, do facebook, do telefone, da vida. Deletar suas fotos no meu computador, que teimam em serem as primeiras a abrir no álbum do picassa. Pareca até um carma.
Então, resolvo de vez não pensar mais em você. Pronto, resolvido, graças! Funcionou. E durante uma longa semana em que ocupei meus pensamentos com alguns caras aleatórios, alguns lances, assim, sem graça. Nenhum deles tem a sua risada, e o jeito com quem me puxa pela cintura pra dizer que eu fique calma, nem a calma que mantém enquanto danço nas mesas pensando ser a melhor dançarina da festa, ou quando me xinga depois de uns goles e outros de ser o motivo da nossa separação, enquanto sai sorrindo, abraçado naquelas garotas que somadas não dariam uma de mim, e não digo de largura. 

Esquecer, que besteira, não sei como conseguiu, o que você fez? Usou drogas? Fez um despacho? É medicamento? Banho de sal grosso? Posso perguntar como conseguiu me esquecer tão fácil assim? É alguma espécie de formatação? Como faz? Não sei. Só sei que te vejo pelas noites tão feliz que parece pecado lhe pedir pra voltar.
Mas olha, estou com tantas coisas pra te falar, sobre alguns planos pra minha vida, aqueles que jurávamos que não dariam certo, e deram. Sobre novas perspectivas, novos trabalhos, novos livros, novas músicas, novas pessoas. Tenho um bando de novidades. Mas, entendo. Talvez ao ler esse texto você sinta um bocado de saudade, talvez até pense em voltar. Ah, sei lá, então volta, estou com saudade. Volta pra gente sambar na cara da sociedade e provar que nada mudou desde a última vez.

terça-feira, 22 de abril de 2014

Carta sem endereço.

Nas tantas voltas que o mundo deu, nas piruetas que foram os últimos meses da vida deles, nos tantos vai e vem que não tem volta, ainda há brilho nos olhos quando eles se veem, talvez seja a bebida. Entre tantas brigas e declarações não correspondidas, entre tantos excessos e faltas, entre ausências e presenças indesejadas, entre decepções e emoções contidas, entre tudo o que foi dito e aquilo que não foi pronunciado, entre os gritos e os sussurros, eles ainda estavam ali. 

Há quem diga que foram feitos um para o outro, e que de tão parecidos não conseguem ficar juntos, outros dizem que de tão diferentes não se completam, somam. Há ainda quem diga que se ficassem juntos seria um absurdo, que seus mundos são contrários e que seria um pecado capital. Mas sinceramente, nunca vi gente menos preocupada com os outros do que eles, desprendidos de amores, de arrependimentos, sem amarras, sem medos. 


Não precisam que lhes digam que são diferentes, que seus mundos não têm qualquer possibilidade de complementação ou que não dariam certo, eles sabem disso. Mas quem se importa? 

São teimosos, desafiadores, fariam dar certo apenas para contrariar as estatísticas. Mas não queriam, não fariam o que todos esperavam que fizessem. Entre soma, subtração, multiplicação e divisão, entre erros e acertos, entre essas e outras, o lance deles ficou igual uma carta sem endereço, não chegaria a lugar nenhum.

Com Francieli Rech

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Importa o que você já é.

Você é uma pessoa diferente das outras pessoas, mas isso não te faz mais especial que ninguém. Eu sei, fui grossa, mas é bem por aí. 

Entenda isso, é sério, não se iluda com o que lhe falam, você é sim diferente, mas é isso. Tem um bando de gente diferente por aí. Não foi dessa vez, mas segura esse coração.


O seu problema, o meu problema, o problema das pessoas é que elas estão sempre, digo sempre, querendo ser, querem ser legais, querem ser bonitas, querem ser magras, querem ser diferentes, querem ser especiais. Mas esquecem do que já são. 


O mais importante é o que você já é, esse jeito que é só seu, esse sorriso milimetricamente bem ajustado, essa gargalhada engraçada, esse jeito de levar a vida e os problemas, o jeito mais autêntico que já vi. Cara você é muito melhor do que qualquer protagonista da novela das 8. Pode se achar, vai lá.


Então sem essa de "ninguém me quer", "o amor é uma dor", "vou morrer sozinho", "nunca mais vou querer ninguém", enquanto você perde tempo lembrando desses ditados populares, que cá entre nós, deveriam ser exorcizados, você esquece do seu talento, esquece do "borogodó" que só você tem quando dança aquela música. Pô cadê a musa que conheci?

terça-feira, 8 de abril de 2014

Se queira.

Em um dia desses chuvosos, ela estava sentada na varanda, dias em que aquele friozinho só fazia lembrar do quanto aquele abraço era bom, ela resolveu ligar pra ele, mesmo com tantas negativas anteriores, mesmo com o orgulho gritando "não sua tonta", ela resolveu se dar mais uma chance, pois mesmo que ele não merecesse, ela merecia, só mais uma. 

Então ela ligou, disse que estava com saudade, convidou ele pra um programa qualquer, daqueles que acabariam em uma noite daquelas como as antigas.



Ele atendeu, meus deus ele atendeu! 

Foi simpático, foi meigo, foi escorregadio, e por mais que olhasse pra ela com cara de quem não queria ir, ele respondia com aquelas respostas "não estou afim", disfarçadas de "qualquer dia a gente marca, morreu meu parente, estou doente, tenho muito trabalho essa semana", "estou um pouco cansado", aquelas desculpas que ela só conheceu no fim daquele conto, nem tão de fadas.

Ela percebeu que não era mais importante, que ela estampava na cara o quanto queria, o quanto sentia, e que não havia mais qualquer saída, ela estava ali, amando sozinha, e aquilo não ia mudar. A única coisa que não deixava ela ir era o medo de ficar sozinho dele, era saber que depois dela, talvez não existissem outras. E como ela, acho que não.

Ela sempre soube o quanto era difícil deixar de querer alguém, ela tentava fugir dessa parte triste dos relacionamentos, e por mais difícil que fosse, ela sabia que por mais que quisesse aquele moço com todas as forças, ela não poderia deixar de se querer. Então ela se quis.