Sei que é tarde para pedir que ouça minhas explicações bobas e sem nexo. Não teria como exigir sua atenção depois desses longos meses calada. E simplesmente vir aqui falar das minhas angústias, aquelas que guardo por não ter lhe dito a verdade enquanto você estava aqui.
Não posso exigir que entenda nas entrelinhas, linguagem corporal ou até mesmo os antônimos das palavras que eu disse.
Besteira minha seria acreditar que em consideração ao que fomos (se é que fomos) você me ouviria. Nem eu faria essa boa ação se estivesse em seu lugar.
Não estou aqui para explicar que a culpa não foi minha, que liguei naquela noite, que não foi eu quem estava conversando com aquele garoto, porque eu estava, mas na verdade estava tentando fazê-lo entender o quanto eu gostava de você, que eu e ele não teríamos qualquer chance, que poderíamos ser apenas amigos.
Não quero explicar porque tive medo, nem porque sumi por aquelas semanas, não atendi, não retornei, depois de lhe ver conversando intimamente com aquela fulana sem sal, e convenhamos, bem sem sal.
Não preciso nem dizer que seus próprios amigos alertavam a sua falta de interesse na nossa “ex-futura–relação” e do seu contato direto com a sua ex. Não tenho a intenção de lhe contar das histórias que fiquei sabendo sobre você, nem que depois delas andei me envolvendo com um de seus amigos sem querer, só de raiva. Desculpe!
Não sou ninguém pra julgar sua atitude de estar com várias ao mesmo tempo, enquanto eu me dividia mantendo dois relacionamentos para tentar não me apegar em você.
Não quero falar de todas as vezes que nos desencontramos, das vezes que lhe vi de longe e fui embora, depois de presenciar você e seu novo amor. Muito menos das vezes insanas que jurei nunca mais lhe procurar. Iludida, né?
Desnecessário falar que aquele dia eu fui a mulher mais feliz do mundo, quando disse que eu era a melhor pessoa que você conheceu ou quando me chamou de amor, sem querer e assustado. Quando pegou na minha mão apertado, no meio daquela festa em que escolheu ficar ali do meu lado. E ainda, quando me olhou nos olhos e eu só sorri.
Não tenho intenção nenhuma de viver novamente aquilo que vivemos, longe disso. Melhor mantermos aquelas lembranças boas.
Depois de todo esse tempo as coisas já não são mais as mesmas, né? A gente mudou tanto, cresceu, provavelmente estragaríamos tudo. Melhor não.
Queria mesmo que entendesse que não fui o estopim do nosso fim, e que aquele papo de que eu não me importava, era só da boca pra fora.
Queria dizer que naquela noite eu bebi demais, falei demais, implorei demais, e no fim pedi que fosse embora de vez da minha vida, era tudo mentira! Eu já havia dito para não acreditar em mim...
Entre todas aquelas coisas mal ditas, eu só queria ter lembrado, antes de você ir, que eu deixaria tudo se você ficasse.