quarta-feira, 21 de maio de 2014

Palavras são só palavras.




“Palavras são só palavras”, eita frase que martelou na cabeça dela o domingo todo. Dessa vez não foram os famosos elefantes dançantes em sua cabeça, como de costume. 

Ela tentou analisar as atitudes de ambos, mas falhou. O nível de álcool da noite anterior confundiu as lembranças. Ela nem lembra há quanto tempo não o via, desde que tinha decidido sumir, sem rastos e vestígios, um sucesso, até sábado.

Ela o viu e paralisou, uma borboleta deu piruetas em seu estômago, e diferente das outras vezes, ele veio até ela, deu um sorriso e a beijou. Que lindo né? Até que foi comprar bebida e nunca mais voltou. 

Diferente das outras vezes, ela não esperou por ele, já tinha cansado de esperar há muito tempo. Um tempo que era bem mais difícil administrar o que sentia. Um tempo que os comentários nerds e implicantes até pareciam fofos.

A forma como fechava a camisa da toalha de mesa da vó, quase faltando botões, a forma como falava e escrevia, como se o vivesse em outra época, a irritava um pouco. Em segredo admirava cada detalhe que o fazia único, o jeito como não se importava de ser ele, de como parecia impossível magoar alguém. Mas acredite, agiu igual à todos.

Ele a ensinou a acreditar em mentiras e contestar verdades. Ensinou a não acreditar em tudo que vê, ou até não ver o que acredita. Ali, palavras eram só palavras e não existia verdade absoluta.

Então, como dizem, no final, tudo dá certo, ou errado. Poxa, às vezes o errado é o certo. Não é?! Às vezes a vida, do jeito dela, vem fazendo aquela bagunça, aquele estrago, mostra o que realmente precisamos, e acredite, muitas vezes, não precisamos do que pensamos precisar.

Nós não precisamos de palavras, precisamos, queremos e merecemos atitudes. Atitudes sinceras, beijos sinceros, querer sincero. Se não, nem house se aproximar dela. 

Ela estava tão cansada de colecionar histórias de amor mal resolvidas, de resumir uma história que transbordou sorrisos e alguns litros de vodka, dança no meio da rua e declarações, em algo que não vale mais a pena ser lembrado.Ela não queria acreditar que, por orgulho, os sentimentos foram jogados fora e que nunca seriam reciclados. 

No fundo, ela sabe, que vai chegar um tempo que ele vai a ver feliz e lembrar que aqueles sorrisos já foram dele, do modo que ela jogava o cabelo e de como dançava como se não houvesse amanhã, vai lembrar que tudo aquilo já foi dele, que ela já foi dele. Ele vai perceber que a vida existiu depois dele, e foi até bem legal, mas que mesmo tendo plantado uma árvore, comprado um cachorro, escrito um livro, ela ainda preferirá a ele. 

Por Francieli Rech

Um comentário:

  1. Acho que conheço essa história.. Há! Acho que todas nós conhecemos né?! Infelizmente... hehehe ótima texto Fran!

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